Doença e morte são fenômenos inerentes à vida. Vegetais e animais, todos estão sujeitos a adoecer e morrer. Aos humanos, dotados da capacidade de ter consciência da própria consciência e mesmo de algo inconsciente, é dada a possibilidade de pensar, e refletir sobre, a doença e a morte.

As ciências sociais nos mostram que toda cultura pensa a doença e a morte, constrói mitos e interpretações da realidade que permitem explicar sua ocorrência e orientar rituais para lidar com elas, incorporando sua presença inexorável à vida.

Os ritos de cura, de qualquer natureza, são ao mesmo tempo recursos terapêuticos e modos culturais de assimilação da doença. Sua eficácia dificilmente é ameaçada no contexto em que são construídos, mesmo quando o objetivo de afastar o MAL não é alcançado. Os insucessos serão facilmente explicados pelo excesso de "força" ou "poder" daquilo que provoca a doença (um deus, um demônio, um feitiço, uma desarmonia humoral, um distúrbio fisiopatológico, um germe ...) ou pela falta de habilidade daquele que executa o rito (xamã, sacerdote, sábio, prático ou médico moderno).

O sítio traz histórias do enfrentamento do homem com a doença e dos embates entre os homens na defesa das próprias idéias sobre sua natureza e origem, bem como dos modos de evitá-la e tratá-la. Saberes e habilidades que desde sempre conferiram a seus detentores prestígio e fortuna, tanto em comunidades tribais quanto nas complexas sociedades urbanas contemporâneas.